domingo, junho 19, 2005

 

Para não assinantes...!


Estamos abrindo uma exceção e vamos colocar aqui, crítica de "livro" escrito por ex-BBB.

O link é este: http://www1.folha.uol.com.br/ fsp...q1806200520.htm

E segue na íntegra a crítica.

"CRÔNICAS/"AINDA LEMBRO"

Jean Wyllys faz desfile de banalidades
GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O livro do ex-BBB Jean Wyllys é emblemático. Mercadoria só. "Jean Wyllys veste complexo B". A metaorelha sarcástica e um tanto sádica escrita por Bial ("fazer uma orelha para competir com a orelha propriamente dita do autor deste livro é impossível"). O convite descobridor de talentos feito por Huck. A confissão lapidar: "Quero ser Paulo Coelho". A feição mercantil e kitsch revela-se nas citações, a maioria delas de compositores populares, atores e atrizes de telenovela. Esta é a paidéia do autor: "Sou das canções".
No interior da Bahia ele ouviu as mensagens da música popular brasileira. O seu Ciep foi a MPB. Tudo na vida o faz lembrar, comovido e sentimental, uma canção: seja de Gil, de Caetano, de Chico, de Roberto Carlos, de Mercury, de Cazuza, de Monte, de Gal, de Rô Rô, de Calcanhoto. Exemplo: "O confinamento me trouxe mais uma vez ao Rio de Janeiro, que, como diz a canção de Gilberto Gil, continua lindo e continua sendo o Rio de Janeiro."
Por aí vai: "Como diz uma canção de Chico César, é o meu cantar que sopra vida quando as horas mortas". Banalidade desse tipo é encontradiça em quase toda página: "O entardecer em Ipanema é capaz de tornar relativa qualquer estatística de violência ou, simplesmente, de mostrar que o Rio ainda é uma novela de Manoel Carlos". Meteram-lhe na cabeça (ele não tem culpa) que existe poesia nas letras de música.
O autor é apaixonado por tudo da TV Globo, mas ele tem lá sua antipatia pela revolução cubana. Anglicizado, o nome dele, ou o seu pseudônimo, é indício de baixa extração social. O que ele curte politicamente é o PT por ter trazido "a ampliação do espaço da cidadania", e por desfraldar a bandeira arco-íris gay na Paulista.
Referindo-se a seu próprio peixe: "Há de sobreviver à maledicência, à arrogância, à hipocrisia e ao cinismo de intelectuais não premiados pela vida", o que lembra Arnaldo Jabor discorrendo sobre o tipo ressentido na época pós-ideológica, isto é, na época antimarxismo. Sartre considerou o colonialismo um sistema. A mesma coisa pode ser dita do capitalismo videofinanceiro comandado pela TV. Trata-se de um sistema em que Wyllys está para Amaury Junior, assim como Glória Perez está para Markum ou Roberto D'Avila.
Wyllys salvou-se do genocídio e indigitou o único caminho para a juventude trilhar: a carreira de craque esportivo, de modelo da moda e de ator de telenovela. Brilhar, brilhar, brilhar, porque é besteira estudar. Quem estuda acaba não conseguindo emprego. E quando o consegue, ganha mal. Grana mesmo, vidão, é só craque-modelo-ator, a quintessência deste aparelho ideológico chamado Big Brother, que é o paroxismo ágrafo da indústria cultural brasileira como ponta de lança da hegemonia multinacional. O poeta Mallarmé falou que tudo no mundo existe para virar livro, mas no caso do simpático Wyllys melhor teria sido se ele descolasse um trampo de apresentador de TV.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é professor de ciências sociais na Universidade Federal de Juiz de Fora e autor de "A Salvação da Lavoura" (Casa Amarela)

Ainda Lembro

Autor: Jean Wyllys
Editora: Globo
Quanto: R$ 14,90 (112 págs.)"


Se dissermos: "Eu não disse! Seria maldade!"...


E segue o domingo...


Tico

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